Será que a Astrologia Horária pode ajudar a analisar uma eleição democrática? Em geral, será que pode antever as hipóteses de cada partido e os resultados? Neste artigo, estudamos um mapa horário com a questão: “Quem vencerá as Eleições Legislativas – 2015- em Portugal?”

A pergunta foi colocada por um leitor do blog, partidário da direita, e lida pelo astrólogo a 29 de Agosto de 2015, às 11h19 (Caldas da Rainha, Portugal).

 Antes de analisarmos, então, o mapa em causa, vejamos os princípios básicos de um mapa deste tipo.

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OS PLANETAS, NAS ELEIÇÕES

Como diz o astrólogo John Frawley, ao contrário de uma competição desportiva, cujo resultado se pode perceber pela comparação da força (dignidades) do representante de cada equipa, numa eleição democrática, a escolha cabe ao povo: a Lua.

Por conseguinte, é a sua posição e aspeto aplicativo que será mais determinante na identificação das preferências do eleitorado.

Por outro lado, quando se trata de um rei/campeão que está no trono e é desafiado a sair, o seu representante é a Casa 10 e o seu regente. O Sol é também um significador auxiliar do mesmo.

O adversário ou principais oponentes são representados pela casa contrária, que é a Casa 4, e o seu regente.

Poderíamos considerar também (em minha opinião) Saturno como o significador geral do desafiador do Sol, que é o governo em funções que se recandidata (numa competição desportiva, este papel de desafiador do campeão caberia à Lua, mas que aqui já está atribuída ao povo).

Contudo, caso o querente manifeste expressamente a preferência por um dos candidatos, a interpretação pode ser alterada, com a escolha do regente da Casa 1 como o partido que apoia.

Como é a primeira vez que interpreto um mapa horário sobre uma eleição legislativa, com regras diferentes de outros temas, peço ao leitor que encare este texto como um exercício de estudo, com finalidades pedagógicas, e não como um veredicto.

Recordo que ao contrário de outras abordagens, o mapa horário aqui considerado é o do momento em que o astrólogo recebe e lê a pergunta e não necessariamente a data das eleições, a 4 de Outubro de 2015.

Essa data poderá também ser analisada, por si só, mais aprofundadamente noutras ocasiões. De forma breve, podemos dizer que umas eleições realizadas quando Mercúrio está retrógrado, como é o caso, tendem a manifestar as seguintes tendências:

– resultados confusos/ divididos (exemplo: a primeira eleição de George Bush, a 7 de Novembro de 2000, com empate técnico e acusação de fraude na contagem dos votos);

– repetição de resultados com o mesmo partido ou coligação no poder (exemplo: reeleição de Dilma Rousseff a 26 de Outubro de 2014 e reeleição de José Sócrates a 27 de Setembro de 2009)

– partido (novo ou reeleito) com mandato muito conturbado e dificuldade de diálogo com instituições (qualquer dos anteriores três casos é disso exemplo e, mais recentemente, a eleição do partido Syriza, na Grécia, a 25 de Janeiro de 2015).

Portanto, em geral, este indicador astrológico não parece muito favorável a um mandato estável para o vencedor, seja qual for a sua orientação política, mas favorece um pouco mais a direita (pois está atualmente no poder) do que a esquerda.  Mas vejamos, então, o que sugere o mapa horário com a pergunta: “Como serão os resultados das Eleições e quem irá ganhar?

O MAPA HORÁRIO

Desde logo, o mapa horário revela uma radicalidade fora do comum, ou seja, uma adequação espetacular ao contexto questionado. Vejamos porquê e quais serão os planetas representantes dos intervenientes.

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Mapa Horário –  Quem vai ganhar as Eleições Legislativas 2015

O Sol é o representante da coligação e governo que se recandidata porque:

– a Casa 10, da autoridade que detém o poder, abre em Leão;

– Leão (Casa 10) é também o signo solar do líder do governo, Passos Coelho;

– o Sol é o regente natural do “rei” em funções.

– Está no signo de Virgem, um signo duplo e, portanto, apropriado para uma coligação;

– Virgem (onde está o Sol) é também o signo solar do vice-presidente do governo, Paulo Portas, líder do CDS;

– Virgem é, “por acaso”, também o 2º signo a contar da Casa 10, sendo apropriado para o número 2 de Estado.

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O Sol está colocado na Casa 11 natal, que é a 2ª Casa a contar da 10. Portanto, é a Casa das Finanças de Estado – que tem sido o maior argumento (discurso dos “cofres cheios” e gestão da crise financeira) dos atuais governantes, a favor da sua reeleição.

Os dois partidos também estarão representados individualmente por Vénus e Marte. Estão conjuntos na Casa 10, ao serviço do Sol, o que valida a sua união pelo mesmo objetivo.

Marte será o CDS pela ligação ao ministério da Defesa e a questões militares. O PSD será Vénus, pois é mais consensual e por ser o partido da pessoa que colocou a questão (regente da Casa 1). Para além de filiado no PSD, o querente exerce funções camarárias e políticas.

 Os dois astros caminham para o seu reencontro, já que Vénus está retrógrada, aproximando-se de Marte.

Saturno, é o representante do PS, o principal opositor porque:

– a Casa 4, do adversário do Rei, abre em Aquário;

– é o astro (Saturno) e o signo (Aquário) mais apropriados para reger um candidato de origem indiana e de cabelo branco (Aquário está associado a etnias minoritárias e Saturno a pessoas mais escuras);

– Saturno em Escorpião é também apropriado como arquétipo para descrever o caso que tem ensombrado o PS – a prisão (Saturno) do ex-governante José Sócrates, por suspeita de corrupção (Escorpião). Saturno está na Casa 2 que é a 11ª a contar da Casa 4, estando assim associada aos amigos do PS.

– Saturno em Escorpião na Casa 2 natal parece também indicado para representar um partido que ficou com a “culpa” da dívida (a Casa 2 é a 5ª Casa a partir da 10 e, logo, representa também uma atitude governativa de mais risco e aventura).

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A Lua, como vimos, representa o eleitorado. Está localizada em Peixes e no fim da Casa 4. Esta posição lunar aponta para uma preferência pelos partidos da oposição e uma preocupação com valores de solidariedade.

Contudo, o facto de formar uma quadratura separativa com Saturno (o PS)  e o facto de ter acabado de sair do Domicílio deste (Aquário) sugerem que nos últimos meses houve um afastamento dos eleitores em relação ao discurso socialista e uma aproximação em relação ao PSD (Peixes é a exaltação de Vénus, que vimos representar o PSD).

Esta inadaptação socialista na comunicação com o povo (de que o exemplo dos cartazes é notório) é igualmente espelhada pelo facto de Saturno estar na queda da Lua (o signo Escorpião).

A Lua afasta-se assim de Saturno, por quadratura, estando em oposição também ao Sol e a Júpiter. Estes ângulos tensos da Lua indicam pouca identificação do eleitorado com qualquer dos partidos, em geral.

Existem, assim argumentos a favor de uma grande indecisão ou potencial de abstenção (Peixes é um signo mais esquerdista do que de direita, mas indeciso e pouco ativo).

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O tema de Peixes também se associa à problemática dos refugiados que poderá, assim, dominar a campanha eleitoral.

A chave para a interpretação do mapa estará, provavelmente, no planeta Júpiter.

Para além de ser o dispositor da Lua é também o astro para onde a Lua se aplica no próximo aspeto maior – a oposição – e portanto, é representante de um grande vencedor, relativamente a outras eleições (não necessariamente em termos de maioria, mas em termos relativos comparando com o passado e ganhando poder negocial).

Em meu entender, Júpiter, como regente do 2º signo a partir da Casa 4, representa os opositores secundários ao governo: em particular, a CDU e o Bloco de Esquerda, mas também outros partidos menores de esquerda.

Júpiter está no signo de Virgem, dos trabalhadores, mas combusto pelo Sol. Esta conjunção retrata, de um lado, a posição fraca destes partidos, na sombra do governo, mas também a insatisfação dos seus partidários, o “proletariado” mais desfavorecido, como os desempregados.

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CONCLUSÃO

Assim, a análise horária sugere umas eleições bastante divididas (muitos signos mutáveis e muitos ângulos tensos), com elevada indecisão e abstenção, num voto emocional, privilegiando genericamente mais a esquerda que a direita, mas não tanto o PS.

Por isso, em termos finais, as várias hipóteses estão em aberto, sendo altamente provável que em termos relativos as esquerdas alternativas ao PS, como a CDU, BE ou semelhantes, consigam um valioso resultado no seu conjunto, em relação a anteriores eleições.

Contudo, o facto de Júpiter estar exilado e combusto (conjunto ao Sol) não favorece muito que consigam constituir governo eficaz ou formal, servindo assim os votos nestes partidos para favorecer a coligação PSD-CDS, devido ao “roubo” de votos ao PS mais do que à coligação governativa.

Esta apreciação de tendências não é, pois, indicativa do resultado final, mas da dificuldade em que se forme uma maioria governativa estável de um só partido ou coligação candidata de início, não beneficiando o PS. A coligação PSD-CDS parece mais favorecida que os socialistas, tendo os comunistas e outros partidos de esquerda uma palavra importante a dizer.

Essa “palavra” estará associada ao tema da Casa 11 natal, que já vimos estar associada às questões orçamentais e financeiras.

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Falta referir o papel de Mercúrio, regente natural da comunicação social. Está em Balança e, portanto, ao serviço de Vénus, o PSD. A sua posição na Casa 12 natal (a 3ª a partir da Casa 10) sugere também que as comunicações públicas (como a RTP) e privadas tenderão a beneficiar mais este partido.

Apesar de fazer um ângulo aplicativo menor com a Lua (o quincúncio), não parece ser o fator decisivo, já que a Lua (o povo) está na Queda e Exílio de Mercúrio, Peixes.

Os astros transpessoais (Urano, Neptuno e Plutão) representarão outros partidos menores sem presença parlamentar, e de princípios extremos (de direita e de esquerda). Por não se aplicarem à Lua e por estarem longe dos partidos principais, não parecem ter um papel preponderante.

vote2015

Voltamos a referir que esta abordagem é apenas exploratória e de estudo. Para além disso, o futuro é dinâmico, em movimento, e alterável pelos intervenientes que dele tenham consciência.

Não deixa de ser incrível como um momento completamente aleatório no qual uma pergunta é lida retrata, a nível simbólico, toda a dinâmica da mesma em termos reais.

Obrigado e que ganhe o país!

João Medeiros

Lisboa, 7 de Setembro  de 2015 (um mês antes da eleições, no início da campanha eleitoral)

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 Bibliografia Principal

As Considerações de Bonatus – Guido Bonatus – séc. XIII (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Carmen Astrologicum – Dorotheus de Sidon – séc. II (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Christian Astrology – William Lilly  – séc. XVII (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Sports Astrology – John Frawley – séc. XXI (2007)

The Horary Textbook: Revised Edition – John Frawley – séc. XXI (2014)

The Moment of Astrology – Geoffrey Cornelius – séc. XXI (2004)

Brady’s Book of Fixed Stars – Bernadette Brady – séc. XXI (2011)

The Fixed Stars and Constellations – Vivian Robson – séc. XX (1923)

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Artigos Relevantes

– O Novo Governo (2011) , Segundo a Astrologia

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