Estamos a dois dias das eleições presidenciais em Portugal e as sondagens apontam para uma vitória tangencial de Marcelo Rebelo de Sousa, a ponto de vencer na primeira volta com mais de 50 %, sem necessidade de uma segunda volta. Será que a Astrologia horária pode ajudar a confirmar ou refutar esta expectativa?

Lembramos que as últimas sondagens (TVI/ Público) indicam uma vitória de Marcelo com 51, 8 % , embora com uma margem de erro de 3 % suficiente para possibilitar uma 2ª volta. Recordamos também que várias abordagens astrológicas são possíveis para analisar a questão. A minha preferida e que normalmente é mais eficaz para este tipo de questões é a Astrologia Horária: analisar o mapa do momento em que a pergunta é colocada ao astrólogo.

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Sublinhamos que é apenas a 2ª vez que analisamos uma questão horária eleitoral (a anterior foi sobre as Legislativas) e que, portanto, este exercício deve apenas ser encarado como um treino pedagógico, não como um veredicto absoluto. Ainda assim vale a pena analisar, uma vez que é com exemplos reais que se pode aprender.

Para o efeito eleitoral, o primeiro aspeto (ângulo) aplicativo da Lua é o mais relevante, porque rege o povo – o elemento que decide. Então, o diagnóstico passa por compreender que astros estão associados aos respetivos candidatos e para onde é que a Lua se dirige.

 

A pergunta foi colocada ao astrólogo por um partidário de direita no dia 9 de Janeiro de 2016, pelas 20h33, em Lisboa: “Será que Marcelo ganha à 1ª volta? E será que Maria de Belém vai à 2ª volta?”

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Então eis os significadores:

Sol é o significador de Marcelo Rebelo de Sousa porque: é o astro regente da Casa 1 que abre em Leão; é o preferido da pessoa que perguntou; é o natural regente dos favoritos/ estrelas e das pessoas com mais notoriedade; um outro argumento que pode reforçar esta atribuição é que segundo os dados que o próprio revelou à astróloga Maria José Costa Félix, terá nascido às 21h , a que corresponderia um Ascendente Leão;

Júpiter poderá ser o significador de Sampaio da Nóvoa , uma vez que: é o segundo grande candidato (Júpiter é um grande concorrente); é professor universitário (este astro governa o ensino e as universidades); está retrógrado (ligado ao passado, referenciando os ex-presidentes e ligado ao passado porque é professor de História); está exilado, em Virgem (é um outsider na política e com um discurso monocórdico/ certinho); Júpiter é o primeiro astro a subir no horizonte, o que significa que foi o primeiro candidato a anunciar oficialmente a sua participação.

Saturno poderá ser o significador de Maria de Belém (embora não fosse desadequado também atribuí-lo a Nóvoa) porque: é um grande opositor a Marcelo (Saturno governa a Casa 7, dos inimigos, em Aquário); Belém foi a única a exercer cargos de ministra (Saturno governa o poder); está em Sagitário, portanto, condicionada pela candidatura de Júpiter (Nóvoa) ; não deixa de representar uma faceta mais conservadora ou carreirista; está conjunto a Vénus, o que pode sugerir que é uma mulher.

Para os restantes candidatos a atribuição é mais complexa, mas diria que:

Vénus em Sagitário pode ser o significador de Marisa Matias porque: é mulher e a mais jovem; também exerce cargos políticos (deputada europeia); está com mais graus que Belém (mais popularidade); numa posição forte, porque numa casa angular (Casa 4), naturalmente mais associada à classe popular; a sua candidatura surgiu após as candidaturas de Nóvoa, Edgar silva, Marcelo e Belém (Vénus é o quarto astro a subir no horizonte).

Marte em Escorpião pode representar Edgar Silva porque: está dignificado; representa um lutador e uma facção bastante coerente e inflexível na sua ideologia, o partido comunista; é o segundo astro a subir no horizonte e a sua candidatura antecedeu os anúncios oficiais de Maria de Belém e de Marisa Matias.

President_CandidatesQuanto aos outros candidatos, com menos hipótese de vitória diria que estão todos representados em conjunto por Mercúrio em Capricórnio, retrógrado , ainda que este também possa ser o significador da própria comunicação social (com alguma antipatia/ quadratura por Edgar Silva, porque em quadratura com Marte).

Diria que Henrique Neto, Cândido Ferreira ou Paulo Morais poderão ser representados por Plutão em Capricórnio, uma vez que têm sido os mais corrosivos na denúncia aos outros candidatos e ao sistema político. Contudo, pela ligação ao mundo empresarial e indústria (temas capricornianos), faz mais sentido que Plutão seja Henrique Neto.

 Neptuno em Peixes poderá representar Jorge Sequeira ou Tino de Rans porque são candidatos com alguma empatia popular e graça, embora com posturas algo irreais.

Urano em Carneiro é a grande dúvida podendo representar qualquer dos candidatos fora do sistema, independentes.

Eu diria que faz algum sentido que Urano represente Paulo Morais, por ser um professor e alguém ligado a temas de justiça (ambas questões de Casa 9), desafiador do sistema político e dos primeiros a anunciar a sua candidatura, em Abril de 2015 (Carneiro é um signo pioneiro, de Abril, e Urano está muito elevado o que indica ser dos primeiros visíveis). A alternativa a esta atribuição seria Cândido Ferreira, por ser médico (Carneiro é signo de Marte, associado à medicina).

Recordamos que Urano é co-regente da Casa 7, em Aquário, representando os oponentes ao favorito, o que é relevante para o diagnóstico final.

Então, qual o diagnóstico?

Como se constata, a Lua caminha para a combustão – a conjunção com o Sol – que representa Marcelo Rebelo de Sousa. Portanto, a sua vitória e eleição final parece mais do que garantida. Este é o próximo aspeto maior, segundo a Astrologia tradicional (que não inclui os outros astros) e, por aqui, teríamos eleição garantida à primeira volta.

Porém, há aqui um senão técnico que pode perfeitamente impedir a eleição à primeira volta, ainda que muito tangencial. Se considerarmos todos os astros (os clássicos e os modernos) o primeiro aspeto da Lua é com Urano (a quadratura aplicativa por poucos minutos de arco – a Lua está a 16º25 e Urano a 16º39). Este é também o significador geral das surpresas. Para além disso, as posições sombra de Saturno e Vénus (os pontos antíscia) estão respetivamente a 18º e a 17º10 de Capricórnio, precisamente entre a Lua e o Sol.

Resumindo, parecem-me reunidas condições técnicas para ser plausível uma 2ª volta, devido a alguma dispersão de votos nos candidatos independentes (em particular, Paulo Morais) e nos candidatos femininos, em particular, Marisa Matias. Ou seja, mesmo que por um margem curtíssima não me parece garantida a vitória absoluta numa primeira volta, ainda que genericamente um excelente resultado de Marcelo esteja contemplado.

Quanto aos candidatos à 2ª volta além de Marcelo, caso esta ocorra, Nóvoa será o mais provável uma vez que Júpiter ocupa o maior número de graus – 23 (para além de ser o último astro que a Lua aspeta antes de sair de Capricórnio). Marisa Matias e Belém poderão ter uma votação muito equivalente, por estarem no mesmo grau (12/13), ainda que Vénus esteja ligeiramente á frente, em termos de graus astrológicos.

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A ver vamos e, sobretudo, que o povo vá às urnas e expresse a sua opinião.

Um abraço,

João Medeiros

Lisboa, 22 Janeiro de 2016

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Comentários, após o resultado final:

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Marcelo ganhou à primeira volta, com 52 % e, neste sentido, as sondagens acertaram em cheio. O mesmo não se pode dizer em relação às pontuações dos restantes candidatos que ficaram bastantes distantes das estimativas (quase nenhuma sondagem apontava para um valor de Nóvoa superior a 16 %, nem para um valor de Maria de Belém inferior a 9 %, muito menos para o excelente resultado final de Tino de Rans, a grande surpresa, quase com os mesmos votos que Belém ou o candidato comunista).

Em termos dos nossos argumentos astrológicos a reflexão é a seguinte: foi subestimada a combustão da Lua e proximidade aplicativa ao Sol (por 2 graus) como garantia de eleição à primeira (de facto, o melhor aspeto que poderia haver) e foi sobrestimado o aspeto a um transpessoal, Urano (astro que não é considerado como ator principal, em Astrologia Horária Tradicional).

É importante sublinhar que, como referimos na análise, se fossem seguidas as regras estritas da Astrologia Tradicional, os planetas transpessoais (tais como Urano) não seriam contemplados na análise como astros relevantes o que, de imediato, implicaria um diagnóstico de vitória à primeira volta.

Porém, como estamos em fase de treino neste âmbito considerámos que seria legítimo considerá-lo como significativo (uma vez que o aspeto da Lua a Urano era o único maior antes da conjunção, ainda que uma quadratura). Por sua vez, a conjunção da Lua ao antíscia de Vénus (Marisa Matias) era indicativo de um óptimo resultado desta candidata, mas não impeditivo da vitória absoluta de Marcelo por ser um ponto sombra e não uma conjunção efetiva (para além da Lua já estar sob combustão, a menos de 8 graus do Sol).

Em relação às percentagens, é curioso constatar como os significadores foram bem atribuídos a ponto de espelharem números  semelhantes ao das percentagens finais:

Sampaio da Nóvoa – Júpiter – 23 graus – 23 % (22,9)

Edgar Silva – Marte – 3,5 graus – 4 % (3,95)

Marisa + Belém – no grau 13  – 14%  (14,34) – ou seja, juntas correspondendo a uma soma na ordem dos 13 %

O próprio Marcelo com uma distância de 2 graus da Lua ao Sol, a que corresponderia os 50 + 2 %.

Resta dizer que com este exercício ficámos com muitas reservas em relação à importância dos transpessoais (Urano, Neptuno e Plutão) na Astrologia Horária, quer como representantes de atores, quer como decisivos na interpretação. Apesar de estar contemplada uma surpresa significativa de um independente, não nos passou pela cabeça que pudesse corresponder ao voto de protesto em Tino de Rans, o candidato do povo, com a quarta classe – que conseguiu um resultado histórico, atendendo à sua condição.

Seria provavelmente mais correto considerar Mercúrio, como o governante geral dos outros candidatos “menores”, ficando reservado para os transpessoais outro papel menos relevante.

De todo o modo, não é suposto um único mapa horário conseguir dar uma resposta tão pormenorizada sobre todos os candidatos. O objetivo era responder às principais perguntas: Marcelo ganha à primeira volta? Se não ganhasse, com quem disputaria a segunda volta? E se seria o próximo presidente no final de tudo? Saber mais do que isto, já era um verdadeiro bónus.

Pensamos que fica reiterado o interesse pedagógico neste tipo de abordagens, uma vez que só testando com tentativa, erro e casos reais, poderemos alcançar um profundo e concreto conhecimento.

Não sendo o objetivo primordial da Astrologia a previsão (ver artigo Livre-Arbítrio), o ramo horário em particular tem direito ao seu espaço nas análises de cenários e estimativa de possibilidades futuras.

Quanto às eleições propriamente ditas, fica óbvio que a candidata Belém não soube gerir uma semana terrível e que deitou a toalha ao chão antes do dia das eleições, o que lhe foi fatal. Se estivesse bem aconselhada, poderia ter obtido outro resultado e saber gerir emocionalmente o processo.

Em relação ao novo presidente, tenho a expectativa de Marcelo poder desempenhar muito bem o cargo e de ajudar a dinamização cultural de Portugal. Sem dúvida, pode dar um excelente Presidente da República. Parabéns!

Muito obrigado aos leitores!

João Medeiros

Lisboa, 25 de Janeiro de 2016

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Bibliografia Principal

As Considerações de Bonatus – Guido Bonatus – séc. XIII (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Brady’s Book of Fixed Stars – Bernadette Brady – séc. XXI (2011)

Carmen Astrologicum – Dorotheus de Sidon – séc. II (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Christian Astrology – William Lilly  – séc. XVII (ed. Biblioteca Sadalsuud)

Horary Astrology Reexamined – Barbara Dunn – séc. XXI (2009)

Horary Astrology: Plain and Simple- Anthony Louis –  séc. XXI (2002)

Horary Astrology – The Art of Astrological Divination – Derek Appleby séc. XXI (2005)

Sports Astrology – John Frawley – séc. XXI (2007)

The Horary Textbook: Revised Edition – John Frawley – séc. XXI (2014)

The Moment of Astrology – Geoffrey Cornelius – séc. XXI (2004)

The Fixed Stars and Constellations – Vivian Robson – séc. XX (1923)

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