Finalmente. Portugal ganhou um grande título europeu. E consagrou o que lhe faltava: conseguir pela união coletiva o que já tinha provado, sem contestação, a nível individual. É um momento emocionante da História de Portugal que, na minha opinião, marca o início do mais importante apogeu do nosso país. Com contornos e lições tremendas, para todos. Porque o momento coletivo é urgente e o nosso país pode ter uma palavra decisiva no rumo do mundo.

Aqui resumo o que, na minha opinião, são as lições mais fundamentais a tirar deste momento memorável. Para incentivar todos a acreditar no impossível.

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A Fé de “Santos”

É Santos e tem muita fé. Correndo o risco de ser gozado e humilhado por todos, assumiu uma mentalidade de confiança e vontade que catapultou a equipa para a vitória final, contra todas as probabilidades e sem a estrela Ronaldo.

É, sem dúvida, o triunfo da força mental e da importância de termos os nossos objetivos bem definidos, com resiliência e contra tudo o que os outros possam dizer. Juntando uma enorme dose de competência técnica, astúcia e liderança o treinador provou o milagre.

Já antes dera sinais da sua religiosidade quando testemunhou que, após os jogos, ia sempre à igreja rezar. No dia após ser campeão pelo Porto, à porta de uma igreja, um pedinte deu-lhe uma caixa dizendo “este presente é para ti”. Quando a abriu, emocionado, viu que era uma caneta parker preta exatamente igual à que o pai, já falecido, lhe tinha oferecido quando era criança.

O primeiro agradecimento que fez foi a “Deus Pai”.

O Sebastião “Ronaldo”

Já falei por demais sobre a importância que dou à figura de Cristiano Ronaldo como símbolo mais mediático da excelência portuguesa. Aquele que mais fielmente valida algo que ainda é incompreendido por muita gente: o mito sebastiânico e o propósito da nação portuguesa.

A missão maior de Portugal no mundo, pela genialidade do seu povo, é resgatar a espiritualidade através da qualidade dos seus trabalhadores nas mais diversas áreas. Desde as artes às ciências.

Quando falo em “espiritualidade” não me refiro a uma crença não fundamentada. Refiro-me a um desenvolvimento estruturado das ciências da psicologia humana o que, no limite, poderá criar um novo paradigma filosófico no mundo, destronando a visão materialista pura que domina a ciência e, por sua vez, a política.

Nos próximos 20 anos, temos que aproveitar o auge do 4º ciclo da História de Portugal e o mais relevante de todos. A “Hora” de que falava “Fernando” Pessoa na sua mensagem é esta. Já chegou. Somos, finalmente, campeões. O sinal está dado para as tropas intelectuais avançarem.

É tempo de percebermos a importância da união, do espírito de equipa, da mentalidade positiva, da competência técnica e da crença. Porque o mundo atravessa um período bem crítico e delicado nos seus valores.

O Cisne “Éder”

Não podia haver melhor fim para este filme que começou aparentemente trágico com a lesão do capitão. O patinho feio da seleção tornou-se o herói da pátria, como o mais belo dos cisnes, marcando o golo mais importante da história portuguesa.

E qual a lição mais uma vez? O chumbo pode transformar-se em ouro. Com os ingredientes certos é possível que qualquer pessoa assuma o seu poder pessoal de forma absolutamente brilhante.

Mais relevante ainda é o facto de se tratar de um jogador de etnia africana, lembrando mais uma vez que o desporto é um meio extraordinário para se poder ultrapassar qualquer barreira de discriminação social que possa haver.

As semelhanças com o estilo de Eusébio (e a sua estátua) são, igualmente, impressionantes como o seu espírito se tivesse manifestado em Éder.

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No fim, assinalou com gratidão o papel que a sua Coach de performance tinha tido para o seu desempenho. Sublinhando, mais uma vez, que a cabeça de um atleta é tão ou mais importante que o seu corpo físico.

E agora?

Agora começa a maior responsabilidade de sempre da nação portuguesa. Conseguir construir uma cultura de tal ordem mágica, inteligente e poderosa que transforme as crenças do mundo, levando-o a um patamar de entendimento global, paz e prosperidade como nunca se viu. Será que conseguimos?

Eu acredito que sim.

Um abraço

João Medeiros

Lisboa, 11 Julho 2016